Portal do Cemitério da Saudade

O Cemitério da Saudade era, inicialmente, um cemitério protestante, que começou a ser implantado com a concessão de uma Carta de Data ao médico alemão Otto Rudolpho Kuffer, pela Câmara dos Vereadores, em 22 de janeiro de 1860. O cemitério foi pedido porque os protestantes, no caso luteranos, não podiam ser sepultados em cemitérios católicos. Havia em Piracicaba dois cemitérios católicos: o primeiro ficava localizado na Praça Tibiriçá, onde atualmente se encontra a EEPG “Dr. Moraes Barros” e segundo servia apenas aos padres e freiras, onde se encontra o Colégio Dom Bosco-Assunção. Os luteranos que reivindicaram o cemitério chegaram no Barco Emília, em 10 de maio de 1852, vindos da Alemanha e Suíça (Scheswing e Holstein) para servir na Fazenda Ibicaba, do senador Vergueiro e na Fazenda São Lourenço, do comendador Luiz Antonio de Souza Barros. Os primeiros alemães concentraram-se no bairro que ficou conhecido como bairro dos Alemães. Thedore Loose foi um dos primeiros a serem sepultados no cemitério da comunidade, em 1869. Muitos norte-americanos (batistas, metodistas e presbiterianos), vindos da Guerra de Secessão, também enterraram seus mortos nesse cemitério, que foi de uso exclusivo da comunidade alemã até tornar-se municipal (público) em 2 de dezembro de 1872, com o sepultamento da escrava Gertrudes. Para tanto foi construído um muro que separava os protestantes dos Católicos. Também neste ano, foi colocado no muro da Avenida Independência, em frente à rua Moraes Barros, um portão de ferro confeccionado pelo ferreiro Joaquim Lordello. Em 1906 o vereador Francisco Morato propôs a construção de um portal de entrada no Cemitério Municipal, que acabou trazendo a demolição do muro que separava os mortos de diferentes religiões. A denominação Cemitério da Saudade foi feita por indicação do vereador Oscar Manoel Schiavon, em 12 de junho de 1953. O prefeito Aquilino José Pacheco montou a sua atual estrutura, ordenando os túmulos, colocando guias e sarjetas, drenando as águas pluviais que causavam erosão e infiltrações nas sepulturas. O Cemitério da Saudade ocupa área de 145 mil metros quadrados, tem 20 mil túmulos, 90 quadras, 1 avenida, 12 ruas e 11 travessas (de A a K), guarda 124 mil restos mortais e realiza aproximadamente mil sepultamentos por ano (CACHIONI, 2003; GUERRINI, 2009; MONTEIRO, 1996).
Outras Informações
Construção de caráter monumental, com características marcadamente classicistas e apresenta elementos do Ecletismo. O Portal se constitui com uma fachada frontal formada por quatro pilares, entablamento, cornijas e platibanda decorada com figuras em relevo. Nas extremidades, há vasos cobertos com panos esculpidos. O conjunto é coberto por cúpula arrematada por uma tocha, que pode ser encontrada nos arremates dos muros.
Na entrada há Quatro figuras em relevo representando serafins e querubins, todas diferentes entre si. O portão de ferro foi trazido da Alemanha pelo arquiteto Serafino Corso. A inscrição “OMNES SIMILES SUMUS” foi pintada em 1941 pelo artista local Joca Adâmoli, atendendo ao pedido do Prefeito José Vizioli.
Documentos Correlatos
Não identificados
Referências
CACHIONI, Marcelo. Arquitetura Eclética na Cidade de Piracicaba. 2002. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2002.
MONTEIRO, Noedi. O Magnífico Portal do Cemitério. A Província. Piracicaba: 26/02/1987.