Paço Municipal

Na década de 1920, os ideais modernos e progressistas predominavam em Batatais e, no campo da arquitetura, tais aspectos foram materializados pela construção de diversos edifícios considerados “novos e modernos” pela imprensa local. Dentre eles está o Paço Municipal, sede da Câmara Municipal, que substituiu o antigo prédio de mesmo nome devido à requisição do prefeito José Ferreira da Silva à Câmara em 12 de janeiro de 1925, que alegou a necessidade de um novo edifício para o Paço Municipal, visto que era inviável a reforma do antigo, além de que um novo edifício poderia contribuir para com a modernização da cidade (DUTRA, 1993).
No mesmo dia, o antigo Paço Municipal foi vendido e autorizada a construção do novo edifício no Largo do Rosário. Ao longo do ano de 1925, diversos orçamentos foram apresentados à Câmara, que havia disponibilizado o uso de 200 contos de réis para a obra. A primeira proposta foi recusada, visto o alto custo dos investimentos demandados. Outras três propostas foram apresentadas, sendo uma delas, de autoria de Rômulo Rigotto, equivalente a 199 contos de réis; outra de Antônio Di Fazio, de 197 contos de réis; e a última, de José Leite de Salles, de 180 contos de réis (DUTRA, 1993).
Foi aprovada então a proposta de Rômulo Rigotto, cujo projeto foi considerado o mais arrojado e inovador. Contudo, ele sofreu diversas alterações, a fim de simplificar e baratear a construção. As fachadas perderam em movimentação com a alteração do formato e disposição dos vãos, que nas laterais seriam acompanhados por áticos curvilíneos. Ademais, perdeu-se a leveza vinda do equilíbrio de cheios e vazios principalmente nas fachadas laterais com a redução do número de janelas (DUTRA, 1993).
Contudo, no novo projeto, o autor não renunciou à moldura circular, uma vez que a própria produção de janelas possibilitava grande liberdade projetual. Ela está presente no centro do segundo pavimento, circundando a porta, bandeira e janelas laterais que se abrem para a sacada hexagonal. Essa moldura determina o seccionamento da larga faixa superior em painéis e a curvatura do ático (DUTRA, 1993).
A entrada do edifício é coberta por uma sacada, apoiada em seis colunas coríntias (sendo duas adossadas) sobre pequenas muretas que formam os guardacorpos da escada. A fachada é simétrica, mas complexa, reunindo vãos de formas e alturas variadas, texturizando o primeiro pavimento em faixas horizontais e o segundo com linhas incisivas. Na fachada principal, o leve ressalto da parte central é acompanhado pelas largas pilastras ressaltadas que ladeiam as janelas das extremidades do edifício. Suas duas estreitas janelas em arco pleno sobrepõem-se à grande janela de arco abatido (DUTRA, 1993).
Se por um lado, houve mudanças significativas no tratamento externo da edificação, a distribuição dos espaços internos seguiu a planta original (DUTRA, 1993).
Outras Informações
O antigo Paço Municipal, localizado na Praça Cônego Joaquim Alves, 326, foi demolido em 13 de março de 1991. Em 1927 o novo edifício, ligado à tradição clássica, mas também com influências art nouveau (por sua moldura circular central e repercussão superior) foi inaugurado. No local do novo Paço, até 1911 localizava-se a Igreja do Rosário, demolida a princípio, para construção de um teatro, mas cujo terreno acabou sendo destinado ao Paço Municipal.
A implantação dele se deu no mesmo local e nas mesmas condições sugeridas para o teatro planejado em 1911: no centro de um largo, para que o efeito de sua beleza artística pudesse ser observado. Apesar de apresentar boa conservação, recentemente as janelas originais correram o risco de serem substituídas por vitrais.
Documentos Correlatos
Não identificado
Referências
DUTRA, Maria Stella Teixeira Fernandes. A Arquitetura de Batatais 1880 a 1930. 1993. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993. 2v.