Matadouro Municipal

Na década de 1880, a cidade de Batatais sofria um processo de expansão e de impulso das atividades comerciais. Em vista da construção da estação ferroviária, no ano de 1887, foi tomada a decisão da construção do Matadouro Municipal, no âmbito de outros equipamentos e melhorias urbanas empreendidos no mesmo período e que passariam a ostentar a riqueza da cidade. Sua importância pode ser constatada através da presença do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Theresa Christina na inauguração da Estação de Batataes, quando também visitaram outros locais então relevantes na cidade, entre os quais, o matadouro (DUTRA, 1993).

De acordo com Salgado e Murilha (2009, p. 264), os matadouros, assim como os mercados municipais,

“[…] participaram de um processo de formação da administração pública moderna na medida em que agruparam atividades que antes eram de responsabilidade de particulares e passaram a ser de responsabilidade da administração pública municipal. Para implementá-los foram necessárias regulamentações e atos normativos – leis, decretos, posturas ou regulamentos – para que pudessem ser administrados pelo poder público municipal”.

No Acervo Histórico da Câmara Municipal, há registros desde 1895 de propostas para construção do matadouro de Batatais, mas foi o projeto de Ângelo Bonvicino, apresentado em 1898, aquele que de fato se concretizou. Infelizmente, não foram encontradas maiores informações sobre a edificação. Dutra (1993) atribui a responsabilidade pela construção ao empreiteiro italiano José Zampieri, o qual também seria contratado para a realização do Mercado Municipal, inaugurado em 1899.

Segundo a proposta apresentada pelo construtor Angelo Bonvicino, apresentada junto ao projeto, a edificação seria assentada sobre um alicerce de pedra, de 60 centímetros de largura por 60 centímetros de altura, e as paredes seriam de tijolos de 1ª qualidade. Para a cobertura foram especificadas telhas francesas, reboco de cimento até a altura de 2 metros, assoalho ladrilhado com tijolos requeimados e carpintaria em pinho de riga. A planta da edificação é dividida em 4 compartimentos, o maior, ao centro, possui 7 metros x 11 metros, a partir dos quais se distribuem dois compartimentos idênticos, de 5 metros x 2,25 metros, sendo aquele à direita dividido ao meio. Não há especificação das atividades previstas para cada um deles. A simetria e o tratamento da fachada reforçam a influência do neoclassicismo sobre o projeto, assim como em outros edifícios desta mesma tipologia como o Matadouro Municipal de Campinas, de autoria do engenheiro-arquiteto Ramos de Azevedo. A obra de Ramos se transformou em uma referência projetual e muitos matadouros públicos paulistas deste período foram construídos segundo estas referências (SALGADO; MURILHA, 2009). Particularmente, há uma semelhança entre os matadouros de Campinas e Batatais no uso de tijolos aparentes e na presença do arco pleno como elemento de destaque na fachada.