Clube Comercial
Ícone da paisagem de um novo período social e urbanístico de São Paulo, o Clube Comercial expressa a consolidação da elite comercial como agente urbano transformador da cidade de traços coloniais em metrópole moderna. A partir da encomenda feita pela Associação Comercial de São Paulo, ergue-se o monumental e imponente edifício em 1929.
Contratado o Escritório Técnico Ramos de Azevedo & Cia, o projeto ficou a cargo do italiano e membro do escritório Felisberto Ranzini.
O clube foi concebido como espaço para festas, bailes, reuniões, banquetes, teatros e outros prestigiosos eventos da burguesia paulistana. O programa envolvia amplo salão de festas, salas de conversa, bar, teatro e amplos salões. Sobressai no canteiro de obras as sapatas de cimento armado e o emprego de estruturas que permitem uma estrutura independente, encimada por lajes de cimento armado, revestidos com alvenaria de tijolos, sistema construtivo que garantiu agilidade à obra realizada sobretudo entre 1926 e 1929.
Projetado em linguagem eclética, com características predominantemente neoclassicistas, trata-se de um edifício monumental, com concepção tripartite, marcado por um corpo central e dois torreões laterais simétricos, com envasaduras ritmadas e gabarito em diálogo com as edificações vizinhas. O edifício se compõe de uma base rusticada com bossagens, de uma sequência de serlianas no terceiro pavimento e um coroamento marcado por platibanda com balaustrada e torreões ricamente ornamentados. Na fachada frontal é mobilizado farto repertório do vocabulário clássico (vergas, sobrevergas, frontões triangulares, arco pleno, cimalhas e etc.).
Em 1969, o edifício do Clube Comercial foi demolido e em 1971, foi construído no local do antigo clube o arranha-céu Grande São Paulo, com seus 40 pavimentos e 129 metros de altura. Marca, assim, outra era vivenciada pela metrópole, com a burguesia representando seu poder não mais por meio do ecletismo do início do século.
Outras Informações
Para sua construção, escolheu-se um terreno à Rua Líbero Badaró, outrora ocupado pela gráfica dos Irmãos Weiszflog, comprado pela Companhia Melhoramentos de São Paulo em 1920, fronteiro ao Parque do Anhangabaú, convertido em fachada principal da cidade entre 1918 e 1922. Ladeando os três palacetes pertencentes ao Conde de Prates, constituiu um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos da Primeira República.
Condizente com a linguagem estética das fachadas, o interior do Clube foi decorado com ornamentação requintada, também pautada no vocabulário clássico. Destacam-se a serralheria artística, o mobiliário, o trabalho de marcenaria, os pisos e forros assinados pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, bem como os vitrais provavelmente da Casa Conrado Sorgenicht.
Documentos Correlatos
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
LEMOS, Carlos. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: PINI, 1993.
SALVADORE, Waldir. Italiano e nosso: Felisberto Ranzini e o "Estilo Florentino". São Paulo: Editora Cultura Acadêmica, 2015, p. 60-61, 66-67.
Coleção Ramos de Azevedo - Acervos FAUUSP.