Frei Alberto de Stravino
Frei Alberto de Stravino (Abraão Dallapé) nasceu em Stravino, no Tirol, em 27 de setembro de 1878. Era filho de José Dallapé e de Amabile Berteotti. Vestiu o hábito em 12 de setembro de 1894. Profissão solene aos 26 de outubro de 1899. Foi ordenado sacerdote em 16 de março de 1902. Partiu de Gênova para o Brasil em 12 de novembro de 1919, estando em São Paulo aos 15 de dezembro.
Fez os estudos filosóficos e teológicos em Rovereto, Trento e Malé (1895-1901). Aos 12 de setembro de 1904 é nomeado lente de Teologia e maestro em Trento. De 12 de outubro de 1909 a 18 de outubro de 1911, estudou Música em Pádua. Em seguida foi a Trento, encarregado da construção do Seminário Seráfico da Província, como vice-diretor e mestre no Ginásio.
Em Bressanone foi lente de Direito Canônico, de 29 de agosto de 1916 a 10 de novembro de 1918. Depois, residiu em Merano. Músico de muita competência, Frei Alberto foi amigo do grande compositor Perosi.
Durante a conflagração europeia, de 1914 foi capelão do Exército italiano.
No Brasil, Frei Alberto foi vice-reitor do Seminário em Botucatu, no ano de 1920. Aos 10 de outubro de 1921 vai a São Manoel preparar as acomodações do mesmo seminário que para lá se transferiu de Botucatu em 8 de julho de 1922.
Nos anos seguintes, 1923 e 1924, dedicou-se ao acabamento e à ornamentação da igreja-Santuário de Penápolis. Primeiramente reformou os altares laterais, transformando-os em “fac-similes” dos altares da Catedral de Pádua. Nisso, a capacidade de Frei Alberto foi auxiliada pelo amigo construtor e pintor Gerâneo Lorini, de São Paulo. Reformou o altar de São Sebastião e de São Tarcísio, auxiliado pelo pintor piracicabano Mário Tomazi. A Alberto Tomazi se devem as pinturas que ornamentam a nave daquela igreja. Em Penápolis, ainda, Frei Alberto construiu o altar-mor antigo e o Coro dos religiosos com a correspondente abside, altar que mais tarde foi trocado pelo atual, todo em madeira. Igualmente, os demais altares laterais aos quais aludimos, hoje, não mais existem, destruídos que foram pelas reformas de 1980.
Um coral fundado por Frei Alberto, composto por 25 figuras, ornamentava as festas penapolenses, executando músicas clássicas a 4 vozes.
Ao Frei Alberto, auxiliado por Frei Egídio de Piracicaba deve-se ainda a construção de majestoso prédio do Seminário São Fidélis de Piracicaba iniciado em princípios de 1925 e que já a 10 de dezembro de 1928 abrigava os primeiros seminaristas provindos de São Paulo.
Em 1929, de abril a outubro, visitou a Província e os parentes. No dia 1o de janeiro de 1930 esteve novamente no Seminário como vice-diretor, ecônomo, professor de Latim, Música e Matemática. Em dezembro de 1931 foi novamente encarregado das reformas na igreja de Penápolis, com Frei Paulo de Sorocaba: reforma na abóbada, com rede metálica, abside, pintura e altar de madeira.
Aos 13 de janeiro de 1939, Frei Alberto foi para em Mococa, lente de Latim, Física, Música, Teologia Moral, História da Igreja e encarregado das obras do Convento e da igreja, embora pessoalmente as considerasse por demais grandes e até grandiosas, especialmente o Convento que construído para abrigar estudantes do Sul do Brasil, resumiu-se a receber apenas os paulistas. Em Mococa construiu também o Lar-Escola das Meninas Órfãs.
Frei Alberto deu também sua contribuição importante à construção da atual Basílica de Santo Antônio do Embaré, em Santos.
Em 1942 esteve novamente em Piracicaba, no Seminário. Em 1944, em Taubaté. Em 1948, mais uma vez, em Mococa. Ali permaneceu até o final de sua vida, atendendo aos ministérios, enquanto as forças lhe permitiam, e, com todo carinho e compreensão, os jovens estudantes e seminaristas. Era comovente ver Frei Alberto movimentar-se com dificuldade para cá e para lá, atendendo capelas, hospital, sempre pronto ao chamado do confessionário e da portaria.
Quando de seu Jubileu de Ouro Sacerdotal a 16 de março -1952, assim escrevia o comissário Frei Plácido Bruschetta sobre Frei Alberto:
“ […] onde mais, porém, se manifesta e ardor que arde em seu coração é o zelo que exerce em prol de seus coirmãos jovens. Apesar de seus setenta e mais anos, Padre Frei Alberto é de uma juventude sem par: é que sempre viveu entre seminaristas e jovens estudantes, de quem foi sempre o pai carinhoso e conselheiro providencial, nas horas difíceis e críticas da vida… É o modelo do verdadeiro sacerdote, filho de São Francisco, que sabe, em nosso tempo, viver a simplicidade e austeridade da vida franciscana, aliada às exigências do apostolado moderno […]” (R.V. n. 3, Ano II – p. 37).
Em 1959, seu estado de saúde agravou-se bastante. Transportado para São Paulo, ali veio a falecer aos 21 de agosto de 1959, deixando imensa saudade nos que o conheceram e apreciaram sua bondade.
Entre outras coisas, sobre Frei Alberto ANAIS FRANCISCANOS trouxe essas expressões por ocasião de seu falecimento:
“Suas obras estão espalhadas pelo Estado, onde levantou, em diversas partes, igrejas, capelas e colégios, trabalhos que fazia com toda a dedicação e estudo, sabendo que construía, à sua maneira, o Reino de Deus. Era o homem que não perdia um minuto de tempo, no cumprimento dos deveres da comunidade, no estudo e em suas construções. Outra imensa obra sua foi o ensino da Música em nossos seminários. Abriu horizontes, proporcionou conquistas novas, e a ele devemos não só os nossos atuais mestres e maestros, mas também a iniciativa dos coros e orquestras”. (ANAIS FRANCISCANOS, 1959, p. 282).
E o órgão oficial da Província de São Paulo:
“Alma seráfica, sempre manifestou a alegria de uma perene mocidade. Inteligência de escol, foi sempre Mestre insigne. A música eclesiástica foi sempre a paixão de seu coração. Matemático profundo, exerceu, com grande utilidade para a Ordem e para os benfeitores, a arte admirável da arquitetura. Religioso exemplar, foi um verdadeiro e santo capuchinho. Os sofrimentos fizeram de sua alma eleita um predestinado ao martírio. O sorriso angelical de sua face permaneceu inalterável até o último momento de sua vida. Todos o estimavam, porque de fato era um homem de Deus. Mais um santo temos nos céus […]” (R.V. outubro 1959, p.8).
Tais palavras não devem ser levadas apenas com costumeiro elogio para quem falece (todos se tornam santos), mas traduzem o que Frei Alberto foi antes de morrer… por sua caridade, bondade, zelo, compreensão, vivendo, pela graça de Deus e por seus esforços, o grande mandamento do amor.(Cf. AOMC, 75, 206; REB, setembro 1959, p. 744).
Principais Obras
Em Piracicaba:
Seminário Seráfico São Fidélis (1925 a 1928)
Em outras cidades:
Seminário Seráfico da Província de Trento (1911)
Igreja-Santuário, em Penápolis (1923-24 e 1931)
Convento e Igreja, em Mococa (1939)
Lar-Escola das Meninas Órfãs, em Mococa
Basílica de Santo Antônio do Embaré, em Santos
Prédios Relacionados
Referências
CACHIONI, Marcelo. Arquitetura Eclética na Cidade de Piracicaba. 2002. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2002.
Textos disponíveis em: http://www.procasp.org.br/textos.php?id_texto=%09265