Carlos Zamboni
O engenheiro Carlos Zamboni nasceu em Brescia, na Itália, no dia 8 de março de 1901, e faleceu em Batatais, no dia 30 de maio de 1973. Formou-se engenheiro civil na Escola de Engenharia de Milão e imigrou para o Brasil em 1927. A princípio, trabalhou na Santos, como correspondente francês e italiano de uma companhia de navegação, para então mudar-se para Batatais, onde começaria a atuar na construção civil (DUTRA, 1993).
De acordo com entrevista de Sra. Irma Girardi Zamboni, esposa do engenheiro, concedida a Dutra (1993), o que atraiu Zamboni à cidade foi o anúncio publicado pelo também engenheiro italiano Júlio Latini, solicitando um engenheiro para assumir as obras na cidade.
No ano seguinte, em 1928, Zamboni assumiu a mais vultosa das obras de Latini, que se mudou para a Argentina, a Matriz de Batatais. Segundo Dutra (1993), Zamboni alterou consistentemente o projeto de Latini, assim como feito no palacete de Monsenhor Joaquim Alves Ferreira, assinado pelo mesmo engenheiro.
Em 1929, casou-se com Irma Girardi Zamboni, com quem teve seis filhos: Luiz Carlos, Marcelo, César, Ernesta, Marina e Beatriz (NOTA…, 1929). Em função dos efeitos da Crise de 1929, a família regressou à cidade natal de Zamboni, Brescia, em 1930, lá permanecendo por dois anos. Ao retornar ao Brasil, retomou o acompanhamento das obras da Matriz.
Nos anos de 1930, outras obras públicas ficaram a seu encargo, como o novo prédio da Santa Casa de Batatais e o Ginásio Paulistano, em São Paulo. O primeiro contou com os serviços de Rômulo Rigotto e o segundo foi fruto da parceria constituída com Antonio Terreri. Em função das obras do Ginásio, mudou-se para a capital paulista em 1937. A empresa constituída em sociedade com Terreri, “projetou e construiu residências no bairro do Pacaembu e o prédio comercial da International Harvester” (CARLOS ZAMBONI, 2020a). Ao contrário da Matriz e do Palacete Monsenhor Joaquim, marcados pela densa ornamentação típica do ecletismo, o Ginásio Paulistano destaca-se no conjunto de sua obra pela linguagem moderna adotada, motivo pelo qual foi estampada na capa da edição n. 8, de dezembro de 1936, da Revista Acrópole.
Em 1939, retornou à Batatais, onde permaneceria até seu falecimento, em 1973. Além de obras arquitetônicas, a partir de então, também desenvolveu pinturas e painéis decorativos, móveis e afrescos, dentre os quais destacam-se aqueles presentes no Salão Circular da ABR Operária e o palco da Sociedade Rádio Difusora, no antigo Cine São Joaquim (CARLOS ZAMBONI, 2020a).
Na década de 1950, Zamboni ampliou sua área de atuação na cidade de Battais, tornando-se sócio majoritário da Fábrica de Tecidos Erbema, em 1954, e da fábrica de máquina de lavar roupas Collyba, em 1957. E, entre 1940 e 1960, também foi responsável pelo projeto executivo e construção de doze pontes no estado de São Paulo. Deste período datam projetos arquitetônicos e obras em outras cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto, Orlândia, Rio Preto, Altinópolis e São Paulo, em Minas Gerais e em sua cidade natal, Brescia (CARLOS ZAMBONI, 2020b). Em Ribeirão Preto, em 1948, foi responsável pela reforma pelo Aurora Hotel, um sobrado eclético da década de 1920 que teve sua fachada “modernizada” e as instalações ampliadas para atender as novas demandas da cidade.
Tal notoriedade no mercado da região o levou a ocupar o cargo de Chefe do Departamento de Engenharia da Prefeitura de Batatais. Em 1968, foi encarregado de desenvolver o projeto executivo e executar a obra da primeira etapa do Teatro Municipal Fausto Bellini Degani, cujo projeto havia sido desenvolvido pelo arquiteto batataense Durval Suave (CARLOS ZAMBONI, 2020b).
Referências
DUTRA, Maria Stella Teixeira Fernandes. A Arquitetura de Batatais 1880 a 1930. 1993. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993. 2v.
NOTA sobre o casamento de Carlos e Irma. Gazeta de Batataes, Batatais, 8 setembro 1929.
CARLOS ZAMBONI, o artista engenheiro (parte 1). Jornal da Cidade, 21 agosto 2020. Disponível em: https://jornaldacidadebatatais.com.br/carlos-zamboni-o-artista-engenheiro-parte-1/
CARLOS ZAMBONI, o artista engenheiro (parte 2). Jornal da Cidade, 4 setembro 2020. Disponível em: https://jornaldacidadebatatais.com.br/carlos-zamboni-o-artista-engenheiro-parte-2/