Vila Economizadora

A Vila Economizadora que foi construída pela Sociedade Mútua Paulista, entre 1908 e 1915, nasceu em um contexto em que o crescimento populacional, e o consequente aumento da demanda habitacional, fez com que a questão da moradia popular no centro da cidade de São Paulo se tornasse objeto de interesse como investimento econômico.
O projeto atribuído ao italiano Giuseppe Sacchetti foi construído pelo empreiteiro conterrâneo Antonio Bocchini, foi concebido para o uso majoritário de residências de aluguel. Originalmente somavam-se 127 residências, das 147 edificações existentes, apenas 20 dentre elas era destinada para uso comercial.
Apesar das obras terem sido concluídas no ano seguinte, a vila já aparece claramente no mapa de 1914 da cidade de São Paulo pelas ruas que foram abertas, além da malha urbana já existente, e que receberam os nomes dos sócios da empresa construtora da vila: Rua Dr. Luiz Piza, Rua Dr. Gabriel Dias da Silva, Rua Dr. Leôncio Gurgel e Rua Dr. Cláudio de Souza. Novo arruamento que resultou em seis quadras que continham oito tipologias residenciais diferentes, desde casas muito simples constituídas de apenas três compartimentos com latrina externa, até casas com mais cômodos, banheiro interno, e algumas com área de até 160 m².
Construídas em estilo eclético, as construções seguem determinados padrões: as coberturas são feitas de telhas de barro do tipo francesas e as fachadas são compostas por elementos decorativos em argamassa ou estuque, as paredes são pintadas de camurça, enquanto janelas e portas são marrom-avermelhadas.
Inicialmente articulada como vila voltada para a classe média, transforma-se em 1935, quando o conjunto foi adquirido por João Ugliengo, em vila operária vinculada às atividades no Moinho Santista. Na década de 70 doze casas foram desapropriadas pela prefeitura e demolidas para dar lugar a um alargamento da Avenida do Estado, que nunca foi concluído e abriga, ao invés, uma pequena praça.
As construções demandam restauro e preservação, em 2013 foi lançada uma cartilha específica de orientação aos moradores para reforma, restauro e conservação da Vila Economizadora, pois é de fundamental importância que os agentes e intervenções públicos e particulares respeitem a integralidade do conjunto da vila.
Documentos Correlatos
Título: Planta Geral da Cidade de São Paulo, com indicações diversas.
Autor/ Produtor: Commissão Geographica e Geologica. Escala 1: 20 000.
Ano: 1914
Fonte: Norman B. Leventhal Centro de Mapas da Biblioteca Pública de Boston.
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
ANDRADE, Paula Rodrigues de. O patrimônio da cidade: arquitetura e ambiente urbano nos inventários de São Paulo da década de 1970. 2012. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. doi:10.11606/D.16.2012.tde-01022013-154314. Acesso em: 2022-03-10.
DPH Divisão de Preservação. Guia de bens culturais da cidade de São Paulo. Departamento do Patrimônio Histórico. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.
DPH/CONPRESP, Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura da cidade de São Paulo; UPPH/CONDEPHAAT. Unidade de Preservação de Patrimônio Histórico do Governo do Estado de São Paulo. Vila Economizadora Cartilha de orientação aos moradores para reforma, restauro e conservação. São Paulo, junho, 2013. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/cultura/arquivos/vila_economizadora_cartilha_ultima_2013_05_29.pdf>. Acesso em: 2022-03-10.
SANTOS, Regina Helena Vieira. Vilas Operárias como Patrimônio Industrial. Vilas Operárias... Como preservá-las? Portal do IPHAN, VI Coloquio Vilas Operárias. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t2_vilas_operarias.pdf>. Acesso em: 2022-03-10.
SCHIAVON, Taís. EntreVilas. Um traçado imaginário pelas vilas operárias de São Paulo. Revista arq.urb, número 24, p. 94 - 125, abril, 2019. Disponível em: < https://revistaarqurb.com.br/arqurb/article/view/56/56>. Acesso em: 2022-03-10.