Seminário Seráfico São Fidélis
Os frades capuchinhos, que construíram a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, decidiram fixar o colégio de sua Ordem Religiosa também em Piracicaba, criando o Seminário Seráfico São Fidélis. Apesar de outras cidades como Queluz, Pindamonhangaba e Tremembé terem oferecido terrenos vantajosos, os frades preferiram Piracicaba, por ter sido uma das primeiras cidades brasileiras a acolher a Ordem dos Capuchinhos. O terreno escolhido e oferecido tinha sido ocupado pelo antigo Abrigo Santa Isabel, da ordem Franciscana Secular, com três alqueires (BERTO, 1986). Em 1925 o frei Salvador, responsável pela instalação do Colégio e o frei Alberto de Stravino (1878-1959), engenheiro responsável pela obra, partiram de São Paulo com um caminhão de materiais a fim de iniciar os trabalhos. O engenheiro Frei Alberto, então com 47 anos, assumiu a obra em 13 de julho de 1925 e foi auxiliado pelo frei Egídio de Abetone e pelo irmão José Roberto Paul, na área mecânica, este falecido no decorrer da obra (BERTO, 1986). As obras de construção do Seminário foram iniciadas em 6 de setembro de 1925, com a benção da pedra fundamental, e o edifício foi inaugurado em 27 de dezembro de 1928. A empreitada contou com a colaboração de políticos piracicabanos, que doaram terrenos anexos, e conseguiram verbas oficiais do governo paulista e isenção de impostos. As Companhias de Estrada de Ferro Paulista, Sorocabana e Noroeste doaram pedras, pedregulhos e trilhos (para que servissem de vigas), além de dinheiro para as obras (BERTO, 1986). A partir de 1939 o edifício foi ampliado com a construção de uma nova ala que abrangia o amplo refeitório, novas salas de aula e o galpão, com projeto de Paulo Elias Pecorari. A pedra fundamental desse bloco foi lançada em 6 de maio de 1939, e a obra foi interrompida várias vezes, até a inauguração do novo refeitório e cozinha em 1° de janeiro de 1941. No ano seguinte, foi inaugurado o galpão em 25 de março. Em 14 de setembro de 1942 foi iniciada a construção do muro com grades cedidas pela prefeitura de Rio Claro (BERTO, 1986).
Outras Informações
A edificação de três pavimentos foi desenvolvida em vários blocos interligados. O bloco principal que abriga a capela é circundado por uma ‘loggia’ composta por colunas dóricas no térreo, que lembra a composição dos antigos claustros. A capela fica encaixada no volume e, se destaca pela altura superior e um discreto ressalto. Uma escadaria paladiana leva ao primeiro pavimento de frente para a portada da capela. A portada neoclássica é composta por um frontão e duas colunas coríntias. Compondo a fachada pertinente à capela, janelas estreitas em verga reta embaixo e em arco pelo em cima. A empena da capela, cujo pé-direito equivale a três pavimentos, forma um frontão de inspiração renascentista, arrematado por dois pináculos nas extremidades e uma cruz de ferro fundido no topo. Logo abaixo do frontão, existe um florão românico bem acima de um friso de arcos redondos, também característico do neorromânico. Os blocos laterais da capela apresentam três janelas no primeiro pavimento, rebatidas no segundo e compondo com a capela, os blocos possuem platibandas balaustradas, que não acompanham todo o edifício, sendo que no restante, o telhado é arrematado com beiral. Bem acima da loggia, no primeiro pavimento, há uma varanda balaustrada que contorna todo o bloco principal. Os frisos das janelas em venezianas foram desenhados em formas geométricas, denotando o caráter Eclético do edifício, que reúne uma composição de características neorrenascentistas, mas que também apresenta alguns elementos no neorromânico, ainda que não determinantes do caráter estilístico do edifício.
Referências
BERTO, Frei Nelson. Seminário Seráfico São Fidélis. (manuscrito). Birigui, 1986.
CACHIONI, Marcelo. Arquitetura Eclética na Cidade de Piracicaba. 2002. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2002.