Palácio do Comércio

Inserido no contexto da economia cafeeira, do incremento do comércio e início do desenvolvimento industrial, o Palácio do Comércio (também denominado Palácio do Café) ergueu-se como resposta à necessidade de um edifício amplo e central que reunisse a Bolsa de Mercadorias e a Associação Comercial.
Iniciada em 1928, a construção do Palácio se deu no momento de mudança na direção do, até então, escritório F. P. Ramos de Azevedo & Cia. Em razão da morte de Ramos de Azevedo neste mesmo ano, a direção do escritório passou às mãos de seu sócio Ricardo Severo, assumindo uma nova razão social – Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo & Villares Engenheiros-Arquitetos-Construtores. Contando com projeto de Felisberto Ranzini e fiscalização de Anhaia Melo, membro do escritório contratado pela Bolsa de Mercadorias para desempenhar essa função, a obra transcorreu de 1928 a 1931 e o prédio foi inaugurado em 1934. A construção do edifício contou também com a parceria do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
Com 10 pavimentos e dois subsolos, o programa arquitetônico envolvia Bolsa de Mercadorias, Junta Comercial, Bolsa de Fundos Públicos, Operações de Locação, salas de classificação de algodão e açúcar, Associação Comercial, restaurante e dois subsolos com serviços de telefone, correios e telégrafos.
Trata-se de um edifício imponente, de corpo central ladeado por torreões, eclético por excelência, revestido com pedra artificial e farta ornamentação alusiva ao repertório clássico e ao comércio. E destaca-se na paisagem urbana como um autêntico exemplar do ecletismo, com prevalência de elementos neoclassicistas, tais como as enormes colunas dóricas, o entablamento característico, em meio a bossagens e uma profusão de imaginária alusiva à mitologia grega.
O Palácio do Comércio foi tombado em 2015 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP). Atualmente, abriga o TAC – Tribunal da Alçada Criminal (“Tribunal de Justiça de S. Paulo – TJSP 2a Instância”).
Outras Informações
Em 1927, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo adquiriu o terreno e demoliu imóvel preexistente para construir o edifício, incumbindo-se da obra sob a supervisão do governo do Estado de São Paulo.
Localizado no Pátio do Colégio, junto das Secretarias da Agricultura, Fazenda e Justiça, o entorno do Palácio do Comércio era marcado pela presença de importantes edifícios, no eixo da rua 15 de Novembro, epicentro das principais casas bancárias nacionais e estrangeiras de São Paulo.
A fachada frontal estrutura-se em base, corpo e coroamento, sendo o rés-do-chão monumentalizado por um conjunto de 6 colunas colossais em granito e ampla portada com esmerada serralheria artística.
A estrutura em cimento armado do edifício foi terceirizada, cabendo à construtora Siciliano & Silva Engenheiros Constructores, especialista e grande parceira do escritório de Ramos de Azevedo, calculá-la e realizá-la. Importado, o cimento utilizado pela construtora era de tipo Portland, da marca "Aalborg I Leão".
A obra transcorreu em tempo record. De 1928 a 1929 a estrutura dos pavimentos estava finalizada, iniciando-se a construção das torres e envelopamento das fachadas com tapumes para dar início ao trabalho dos frentistas e aplicação da decoração em pedra artificial.
Dentre elas, evidencia-se a figura de Hermes, deus grego relacionado ao comércio, às trocas e à comunicação. Aos traços neoclassistas mesclam-se elementos Art Déco, presente na geometrização das formas, especialmente na composição e acabamentos das janelas e torres. Os elementos Art Déco também são prevalentes no interior do edifício, tanto na geometrização dos detalhes de janelas e pisos, como nas luminárias e nos adornos dos forros e capitéis das pilastras. Todo o mobiliário da Sala do Pregão, no térreo, como nos demais pavimentos, assim como ornamentos e serralheria artística coube ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
Documentos Correlatos
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. A cidade como negócio: mercado imobiliário rentista, projetos e processo de produção do Centro Velho de São Paulo do século XIX à Lei do Inquilinato (1809-1942). Tese de Livre Docencia - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, 2018. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/387/tde-17012019-135711/publico/LD_BuenoBeatri z.pdf >. 14 de setembro de 2021.
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: Pini. 1993.