Palacete Conde do Pinhal

O Palacete Conde do Pinhal foi construído por Pietro David Cassinelli a mando de Antônio Carlos de Arruda Botelho, líder de uma das famílias mais influentes de São Carlos na época. Apesar da cidade não oferecer uma longa permanência ao Conde do Pinhal, dois fatores o fizeram permanecer na mesma: o aproveitamento de seu terreno adquirido em 1867 nas ruas São Bento (atual Conde do Pinhal), do Comércio (Avenida São Carlos), Jataí (Dona Alexandrina) e Municipal (Major José Inácio), e a vinda da Família Imperial à cidade no fim daquela década, que o fez desejar ter uma residência à altura dos visitantes. Além disso, em 1887 ele recebeu título de Conde do Pinhal, reforçando sua importância na cidade e a necessidade de uma residência nela.
Em 1890, Antônio Carlos contratou Cassinelli para a construção de sua casa, descrevendo suas ideias para o casarão: “[…] Na rua São Carlos do Pinhal esquina da rua São Carlos, ocupando todo o terreno atualmente vazio, o tipo externo da obra será igual do prédio do Marquez de Trez Rios, sito à rua Alegre, esquina da rua Senador Queiroz, bem assim as grades de ferro, que poderão ser iguais […]”
O palacete em estilo eclético, assim como pedido, se assemelha ao do Marquês de Três Rios, amigo do conde, e ficou pronto em 1895. Apesar de ter sido construído como residência para a família Arruda Botelho, acabou sendo usado na época como local de encontros políticos e sociais quando o proprietário estava na cidade.
Com dois pavimentos, ele é voltado para a rua Conde do Pinhal e para o Jardim Público e conta com pinhas de louça enfeitando seu telhado, balcões de ferro trabalhados, piso em pinho-de-riga, um curioso óculo zenital iluminando a escada, sete escadarias fronteiriças e duas sacadas na face leste, voltadas para o jardim particular onde se localizava o “chalé dos hóspedes” construído a fim de privar a família do incomodo de estranhos em sua casa e dar maior liberdade aos hóspedes.
O restante do terreno continua uma grande área arborizada, vedada por muros de taipa, onde se abria um portão de ferro que até pouco conservava a data de 1867, assinalando a aquisição do terreno. A entrada de carruagens dava-se pela rua Municipal (Major José Inácio), por onde se fazia o serviço de manutenção da casa.
Além disso, seus elementos mais marcantes são o porão alto com óculo, o ornamentado guarda-corpo em ferro fundido, as janelas de púlpito emolduradas por arco pleno (no andar térreo), arco abatido e triangular (no andar superior), os frisos horizontais demarcando as fachadas, os mútulos distribuídos sob a cornija, os pináculos que coroam a platibanda e o telhado de quatro águas, o que demonstra um avanço nas técnicas construtivas.
Outras Informações
Com a morte de Antônio em 1901, a casa passou a ser pouco utilizada, tendo sido emprestada de 1906 a 1913 para as Irmãs da Congregação do Santíssimo Sacramento para hospedar o Colégio São Carlos. Em 1918 o edifício foi vendido à Prefeitura de São Carlos e passou, de 1921 a 1952, a ser sede do paço municipal e da câmara de vereadores.
De 1952 até 2008, o palacete passou a abrigar a Prefeitura Municipal. Hoje o edifício abriga órgãos da Secretaria Municipal de Educação.
O "chalé dos hóspedes” foi cedido pela Prefeitura à Secretaria Estadual da Saúde, e passou a abrigar o Instituto Adolfo Lutz. Já a chácara anexada à casa foi alienada a terceiros, assim o Banco Francês e Italiano adquiriu a esquina de Major José Inácio e outros proprietários compraram áreas fronteiriças com a Avenida e com a rua Major.
Em outubro de 1978 o Palacete Conde do Pinhal foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). No final dos anos 1990 passou por um processo de restauro, sendo reinaugurado em 1998.
Documentos Correlatos
Não identificados
Referências
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