Paço Municipal / Cadeia

A estruturação dos aparatos políticos e administrativos do poder republicano e o ímpeto pela modernização das paisagens urbanas marcam a passagem do século XIX para o XX na cidade de Campinas.  Nesse contexto, surge a demanda por um novo edifício para abrigar a cadeia da cidade, atividade que, até o momento, localizava-se na atual praça Bento Quirino, no centro da cidade.

Tendo em vista as políticas higienistas do fim do século XIX, a antiga cadeia era foco de reclamações há décadas, uma vez que sua não estava de acordo com o Código Sanitário Estadual, o qual orientava que edifícios públicos considerados insalubres fossem localizados em locais afastados dos centros urbanos das cidades. Após anos de reivindicações por um novo edifício, contratou-se o Escriptorio Technico do Engenheiro e Architecto F. P. Ramos de Azevedo para a realização do projeto, em 1893.

Edificado em um terreno localizado na Avenida Andrade Neves, entre as Ruas Marechal Deodoro e Sebastião de Souza,  o edifício de três pavimentos foi projetado para abrigar não apenas a cadeia da cidade, como também o Fórum e a Câmara, funcionando como Paço Municipal. O subsolo e o térreo alojavam a cadeia, enquanto o pavimento superior abrigava as demais atividades. Os ambientes foram dispostos em torno de um hall central de pé-direito duplo e clarabóia colorida.

Finalizadas em 1896, as obras foram gerenciadas pelo engenheiro Antônio Raffin e supervisionada por Emílio Daufresne, o qual representava o Governo do Estado. Em oposição à obsoleta construção de taipa de pilão e condizente aos novos tempos modernos, a nova cadeia foi erguida em alvenaria de tijolos.

Concebido com um repertório neoclassicista, trata-se de um edifício eclético de rigorosa simetria e aberturas ritmadas. Suas fachadas apresentam uma rica ornamentação, marcadas por bossagens e rusticados. Na fachada principal, observa-se três aberturas em arco pleno, sendo que a central configura o acesso à cadeia, realizado por meio de uma escadaria. No segundo pavimento, há a presença de outras três aberturas também em arco pleno, pelas quais acessam-se  balcões. Apresentam balaustres e seis colunatas. Na fachada lateral também encontram-se  janelas em arco, além de aberturas de diferentes tamanhos com envasaduras retas, sendo as do segundo pavimento encimadas por frontões. Acima, em todo o perímetro do edifício há uma cornija decorada e uma platibanda balaustrada que recebe, alinhado ao acesso central, um elegante elemento circular que destaca-se na fachada. Cabe ressaltar que tais características do projeto possuem grande semelhança com os edifícios da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicos, projetado pelo escritório sete anos antes, em 1886.

O edifício sofreu algumas modificações ao longo dos anos, como um aumento do número de celas em 1934, para receber a Delegacia Regional de Polícia. Desde 2015, recebe proteção estadual pelo Condephaat (Resolução 23 de 07/05/2015 – N°  65336/11).