Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição

Inaugurada em 1883, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, atual Catedral Metropolitana de Campinas, foi uma obra que marcou a passagem do tempo e a atuação de diversas figuras históricas, visto que sua construção iniciou-se em 1807, por encomenda de senhores de engenho.

Após diversas adversidades, frequentes interrupções das obras e grandes fragilidades na estrutura de taipa de pilão, a Câmara Municipal contratou, em 1879, o arquiteto-engenheiro recém chegado da formação na Bélgica, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, para finalizar a igreja.

Para tanto, o engenheiro-arquiteto realizou minucioso estudo dos diversos aspectos da construção, tais como os materiais utilizados, a linguagem empregada e principalmente, a situação da estrutura. A esse ponto, o corpo estava praticamente concluído, sendo necessária a construção do frontispício do edifício.

Diferentemente da época em que iniciou-se sua construção, a situação urbana do período em que Ramos de Azevedo assumiu as obras dava-se em um eixo de expansão urbana, entre as ruas São José e da Constituição (atuais ruas 13 de Maio e Dr. Costa Aguiar), em frente  ao importante Teatro São Carlos.

Edificado em taipa de pilão, o corpo da igreja tornou-se um marco do uso da técnica no período colonial no Estado de São Paulo. Já o grandioso frontispício finalizado por Ramos de Azevedo seguiu quase inteiramente o projeto de Cristóvan Bonini e foi edificado em alvenaria de tijolos, à exceção da torre,  feita em taipa de pilão.

Ergueu-se a igreja em diferentes linguagens. As fachadas laterais apresentam características predominantemente coloniais, tais como as envasaduras sóbrias das janelas. O frontispício corresponde aos fins do século XIX, com feições neoclassicistas e destacável ornamentação. Os acessos principais são feitos por um corpo central que avança em relação ao alinhamento e que exibe colunas jônicas e frontão triangular. Dois corpos laterais abrigam pilastras, portas nichos em forma de arco e estatuárias. Destaca-se, também, a presença de quadros com esculturas em relevo. Acima, há o espaço destinado ao relógio, ladeado por duas janelas com balaustradas, também coroado por estatuárias. Completando os 59 metros de altura, a torre sineira foi coroada com uma pirâmide octogonal.

O interior da obra em estilo barroco também teve sua execução marcada por contratempos, entretanto, a maior parte do trabalho de talha ー o altar-mor, púlpitos, nave, coro e sacadas da capela-mor ー foi realizada pelo artista baiano Victoriano dos Anjos, entre 1853 e 1862. Utilizou madeiras da região, tais como  cedro campineiro empregado nas colunas do altar-mor.

Em 1923, a igreja passou por novas reformas e seu interior sofreu modificações. Desde 1981, recebe proteção estadual pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) pela  Resolução nº 20, de 30/05/1981. Em 1988, foi tombada pelo  Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC), Resolução nº 001/88, de 19/12/1988.