Edifício Conde Matarazzo – Palácio do Anhangabaú
O Edifício Conde Matarazzo, também conhecido como Palácio do Anhangabaú – por estar localizado no Vale do Anhangabaú, junto ao Viaduto do Chá – foi construído para abrigar a Sede do grupo das Indústrias Reunidas Matarazzo, que permaneceu no edifício por mais de trinta anos.
O projeto foi objeto de um concurso privado, que foi lançado pelas Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo no final do ano 1934. O vencedor foi o projeto de autoria do Escritório Ramos de Azevedo, Severo & Villares, que porém é noto pela construção, mas não pela concepção do edifício. De fato, o nome apontado pela historiografia é do arquiteto italiano Marcello Piacentini, que durante a sua estadia no Brasil em agosto de 1935 para a construção da Cidade Universitária no Rio de Janeiro a convite do então Ministro da Educação Gustavo Capanema, visitou São Paulo e a pedido do conde Francisco Matarazzo Júnior revisou o projeto vencedor. O arquiteto, porém, nunca mais voltou ao Brasil. Por consequência, a direção das obras de construção do edifício, ocorridas entre 1937 e 1939 e realizadas por Severo & Villares, foi entregue a Vittorio Ballio Morpurgo, colaborador de confiança de Marcello Piacentini.
O Edifício Conde Matarazzo, volume em forma de paralelepípedo bastante verticalizado, está situado em um terreno caracterizado por forte declividade, por esse motivo o acesso aos pavimentos inferiores se dá pelo vale, que na época era um importante parque linear, enquanto a entrada principal, que na verdade corresponde ao terceiro pavimento acima do solo, está em cota com o Viaduto do Chá. Ao estilo do arquiteto italiano, constitui um interessante exemplo do racionalismo italiano que marcou a arquitetura do período fascista na Itália. Apresenta uma solução clássica tripartida, composta por base, volume central e coroamento. Em geometria regular e simétrica, as fachadas são todas revestidas em mármore travertino branco importado da Itália. O acesso principal, porém, é o único enriquecido com cinco baixos-relevos atribuídos ao escultor figurativo italiano Francesco Coccia, representando as atividades produtivas das Indústrias Reunidas Matarazzo: têxtil, indústria, agricultura, manufatura química e comércio.
Em 1972 foi vendido ao grupo Audi e dois anos mais tarde ao Banco Banespa, sendo por esse motivo também conhecido como “Banespinha”. Desde 2004 pertence à prefeitura da cidade de São Paulo.
Documentos Correlatos
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
BEDOLINI, Alessandra. Duas faces da modernidade arquitetônica brasileira. Analogias e diferenças entre o Edifício Conde Matarazzo em São Paulo e o Ministério da Educação e Saúde Pública no Rio de Janeiro. 5% Arquitetura + Arte, São Paulo, ano 16, v. 01, n.21, e180, p. 1-16, jul. dez/2021. Disponível em: <http://revista5.arquitetonica.com/index.php/uncategorised/duas-faces-da-modernidade-arquitetonica-brasileira-analogias-e-diferencas-entre-o-edificio-conde-matarazzo-em-sao-paulo-e-o-ministerio-da-educacao-e-saude-publica-no-rio-de-janeiro> Acesso em: 2022-03-23.
FIALHO, Roberto Novelli. Edifícios de escritórios na cidade de São Paulo. 2007. Tese (Doutorado em Projeto de Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. doi:10.11606/T.16.2007.tde-18052010-155700. Acesso em: 2022-03-23.
TONHÃO, Marcos. Marcello Piacentini, arquitetura no Brasil. 1993. Dissertação (Mestrado em História da Arte e da Cultura) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 1993. Disponível em: <https://hdl.handle.net/20.500.12733/1581015>. Acesso em: 2022-03-17.