Aurelio Natale Civatti
Aurélio Civatti foi um importante engenheiro e arquiteto italiano, que ainda se destacou como político e cafeicultor (CONCEIÇÃO, 2015). Natural da região da Toscana, nasceu no povoado de San Lorenzo, em Firenze em 24/12/1837 e faleceu em Itápolis em 24/11/1917 (ROSADA, 2013). Solicitou cidadania brasileira em 1883. Foi muito atuante em cidades do interior de São Paulo, destacando-se com obras nas cidades de Limeira, São Carlos e região. Em São Carlos, onde fixou residência após se casar, revelou-se como um atípico cafeicultor, sendo o único imigrante da década de 1870 a se destacar nesta atividade. Nesta cidade, foi proprietário da Fazenda da Floresta, pintada por Rosalbino Santoro em 1891 e da fazenda Babylonia. Em 1864, Civatti foi contratado por Bento Manuel de Barros, futuro Barão de Campinas, para “corrigir” o traçado da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte de Limeira e dotá-la de rico acabamento, com talhas douradas e pinturas artísticas em paredes e forros. As talhas da Boa Morte possuem extremo refinamento, com forte influência clássica, mas não se sabe se os entalhes da Igreja foram realmente de Civatti, filho de um ebanista estabelecido em Firenze, pois nesse período ele trabalhava com uma equipe maior. Pesquisas mais recentes (BERTO, 2021) apontam que Civatti poderia ter atuado como responsável intelectual das obras e outros profissionais seriam os responsáveis pelos trabalhos artísticos. Na Igreja Boa Morte, a similaridade dos desenhos e das talhas estão sendo atribuídas ao ituano Miguel Arcanjo Benício de Assunção Dutra (1812-1875), conhecido como Miguelzinho Dutra, o qual teria participado de algumas obras em parceria com Civatti. Anos mais tarde, Aurélio Civatti foi contratado pelo filho do Barão de Campinas, Pedro Antonio de Barros, para concluir as obras da nova Matriz de Limeira, finalizando-a em 1876. Neste período, casou-se com Lucinda de Barros, filha de Pedro, e se mudou para a cidade de São Carlos em 1868, onde, além de fazendeiro, atuou ativamente na política municipal, tendo sido vereador nos anos de 1887-1891. Neste período, foi responsável também pela construção do Palacete de Sebastião de Barros Silva (conhecido atualmente como Palacete Levy), o qual foi concluído em 1881. O profissional foi nomeado para a obra da segunda igreja de São Carlos Borromeu, porém, a igreja sofreu uma reforma em 1884 para a visita dos Imperadores e foi bem ampliada, ganhando a frente que teria até começo do século XX além de uma torre abobadada. A reforma seguinte iria incrementar a fachada e colocar uma nova torre, agora oitavada. Em 1885, foi diretor da obra do Theatro Ypiranga. Já em 1887, junto com José Ignacio de Camargo Penteado, recebeu do Barão de Parnahyba, presidente da Província de São Paulo, o privilégio para construção de uma linha de bondes por tração animal ou a vapor, pelo período de 50 anos. Os bondes percorreriam o trajeto partindo da cidade de São Carlos do Pinhal ou suas imediações até os bairros Água-Vermelha e Quilombo no mesmo município, na zona da Companhia Rio-Claro (BRASIL, 1887), contudo, as epidemias chegaram primeiro e impossibilitaram o projeto. Em 1892, auxiliou tecnicamente e financeiramente na reconstrução da Capela dedicada a São Sebastião (futura Catedral), destruída após um temporal, localizada na cidade de São Carlos. O que restou da Capela foi demolido e em seu lugar foi construída a Escola Normal (1911). Também em 1892, o arquiteto mudou-se para Itápolis, onde também foi vereador e membro da Guarda Nacional, tendo recebido o título de Capitão. Faleceu em 1917 na cidade de Itápolis. Principais obras: Igreja Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção (Limeira), Palacete Levy (Limeira), Igreja São Sebastião (São Carlos), Igreja Matriz (São Carlos). De todas as igrejas que construiu apenas a Boa Morte de Limeira ainda possui as características de sua construção, sendo as outras demolidas para a construção de novos templos.
Principais Obras
Igreja Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção (Limeira)
Palacete Levy (Limeira)
Igreja São Sebastião (São Carlos)
Igreja Matriz (São Carlos)
Prédios Relacionados
Referências
BERTO, João Paulo (org.). Guia do Patrimônio Cultural de Limeira. Campinas, SP: Faculdades Integradas Einstein de Limeira, 2021.
BRASIL. Lei n.45, de 27 de março de 1887. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1887/lei-45-27.03.1887.html>.
BUSCH, Reynaldo Kuntz. História de Limeira. 3ª edição. Limeira: Sociedade Pró-Memória de Limeira, 2007.
CARITÁ, Wilson José. Breve Histórico da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção. 2ª edição. Limeira: Edição do autor, 1998 (mimeo).
CONCEIÇÃO, Carla Fernandes da. Configuração das elites política e econômica em São Carlos/SP – 1873 a 1904. 2015. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Faculdade de Sociologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
DAMIANO, Octávio Carlos. Italianos em São Carlos. São Carlos: Edição do autor, 1995.
QUADROS. Correio Paulistano, São Paulo, ano XXXVI, número 10430, 17 de junho de 1891, página 1.
REGISTRO di Nascite. Stato civile della restaurazione (1816-1860).Firenze. Archivio di Stato di Firenze. Comune di Firenze. Segnatura attuale: 241 Registro di Nascite, ano 1837, p. 137 . Disponível em https://www.antenati.san.beniculturali.it/detail-registry/?s_id=35357710
REGRESSOU, ante ontem a Campinas, de sua viagem, ao interior da província o sr. Comendador Mastuscelli, ministro italiano. Correio Paulistano, São Paulo, ano XXXI, número 8651, 24 de junho de 1885, página 2.
REQUERIMENTOS despachados pela presidência. Correio Paulistano, São Paulo, ano XXIX, número 7953 ,18 de março de 1883, página 1.
ROSADA, Mateus e BORTOLUCCI, Maria Ângela Pereira de Castro e Silva. A Igreja da Boa Morte de Limeira: Uma amálgama de conhecimentos forâneos. In: IX EHA - ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE - UNICAMP, 2013, Campinas. Anais... Online, 2013. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/eha/atas/2013/Mateus%20Rosada.pdf. Acesso em: 19 abr. 2022.