Santa Casa de Misericórdia

Projetada pelo engenheiro italiano Samuele Malfatti, a Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Carlos foi construída em 1895 pelo italiano Attílio Picchi, que teve papel de destaque na cidade de São Carlos, em especial durante as décadas de 1880 e 1890 quando atuou em diferentes obras públicas contratadas pela Câmara são-carlense.
A construção da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos foi empreendida a partir de doações feitas por várias famílias da cidade, além de ações para a arrecadação de donativos – como a angariação de recursos realizada na inauguração do Theatro Ypiranga. Em 1893, a Câmara Municipal aprovou a construção do edifício e a continuidade dos trâmites para mais arrecadações. Neste mesmo ano, o Major Manoel Antonio de Mattos e sua esposa doaram a quadra onde teve início a obra do primeiro pavilhão. Mais tarde, novas áreas foram anexadas para a continuação das construções.
Então, em 1º de janeiro de 1894, com a presença de autoridades, praças da Guarda Nacional, banda de música e muitas pessoas da sociedade, foi lançada a pedra fundamental da Santa Casa, abençoada pelo cônego Joaquim Botelho da Fonseca. Junto a pedra, foi incluída uma caixa com moedas, jornais e folhetos do dia, como uma cápsula do tempo. Ao fim, grande salva de fogos foi realizada. Porém, a chegada de uma das epidemias que assolaram a cidade na década de 1890 acelerou o processo de construção do primeiro pavilhão e este logo estava em funcionamento para atender a população.
Nos anos seguintes foram sendo feitos melhoramentos, sendo que apenas em 1927 um segundo pavilhão foi inaugurado. Em 1929, foi doado à Santa Casa pela filha do Conde do Pinhal, Elisa Botelho Moreira de Barros, um novo pavilhão destinado ao tratamento de crianças. Já no início de 1954, Anésio Augusto do Amaral fez uma doação para a construção de mais dois pavilhões anexos ao hospital entregues em 1955.
O edifício do primeiro pavilhão da Santa Casa de Misericórdia de arquitetura eclética, seguindo a tendência da época, mantém até hoje sua função original, servindo como hospital para a população da cidade.
A edificação térrea apresenta porão alto com óculo, preserva distanciamento do alinhamento frontal com recuo e jardim circundado por gradil. Baseado em princípios higienistas, a construção é isolada do lote e erigida em áreas verdes e espaçosas. O projeto arquitetônico apresenta princípios da simetria e ritmo que demonstram uma intenção clássica, com porta de entrada principal ocupando posição central, acessos com escadaria, e um equilíbrio entre os cheios e os vazios nas fachadas. Sua composição equilibrada apresenta uma linguagem composta por elementos geométricos, platibanda e o emprego de ornamentos. Sua cobertura é de telhado em quatro águas, demonstrando a incorporação de técnicas construtivas mais complexas.
Outras Informações
Apesar de não ser um bem cultural tombado e mesmo com as inúmeras alterações, acréscimos e ampliações sofridos no decorrer dos anos, o prédio teve sua fachada preservada, apresentando atualmente um bom estado de conservação.
Documentos Correlatos
Não identificados
Referências
Acervo dos discentes da disciplina de “Produção Arquitetônica Paulista do Século XIX até Meados do Século XX” (IAU-USP), sob responsabilidade da Profa. Dra. Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Bortolucci.
APH-FPMSC. Arquivo Público e Histórico “Fundação Pró-Memória de São Carlos”. A presença italiana em São Carlos. São Carlos-SP, 2013. Acesso em: 20 dez 2020.
APH-FPMSC. Arquivo Público e Histórico “Fundação Pró-Memória de São Carlos”. Percursos: identificação de imóveis de interesse histórico. São Carlos-SP, 2009-2012. Acesso em: 20 dez 2020.
APH-FPMSC. Arquivo Público e Histórico “Fundação Pró-Memória de São Carlos”. Recenseamento Populacional de São Carlos do Pinhal, São Carlos-SP, 1907. Acesso em: 20 dez 2020.
APH-FPMSC. Arquivo Público e Histórico “Fundação Pró-Memória de São Carlos”. Endereço: Praça Antônio Prado, s/n - Centro, São Carlos - SP, 13560-046
BORTOLUCCI, Maria Ângela Pereira de Castro e Silva. Moradias urbanas construídas em São Carlos no período cafeeiro. Tese de doutorado. São Paulo: FAU/USP, 1991. 2 v
BORTOLUCCI, Maria Ângela Pereira de Castro e Silva Triste sina dos casarões ecléticos de São Carlos. PAVAN, Juliana Silva; ROSADA, Mateus; ROCHA, Ricardo de Souza; RIBEIRO, Bárbara Maria Giaccom (orgs.). In: Anais do II Congresso Nacional para Salvaguarda do Patrimônio Cultural, ed. 2. Cachoeira do Sul: Universidade Federal de Santa Maria, 2019, p. 360-373.
CONCEIÇÃO, Carla Fernandes. Società Dante Alighieri de São Carlos: associativismo étnico no interior paulista (1902-1938). São Carlos : FPMSC, No prelo.
CDCC. Centro de Divulgação Científica e Cultural. Disponível em: www.cdcc.usp.br.
CONDEPHAAT. Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. Disponível em: www.condephaat.sp.gov.br. Acesso em: 20 dez 2020.
DESTRO, Mariana Guimarães; OLIVEIRA, Joana D'Arc de; MASSARÃO, Leila Maria; ALMEIDA, Maísa Fonseca de; PANE, Mariana Fragali, FOOK, Mayara Capistrano Costa; BUZZAR, Miguel Antônio. Italian's architecture in São Carlos city, Brazil. In: 5th Biennial of Architectural and Urban Restoration, 2021, Roma. BRAU5 Proceedings / Atti della Biennale BRAU5. Roma: CICOP Italia Onlus, 2021.
Fundação Pró-Memória de São Carlos. Sobre a fundação da Società Dante Aliguieri. In: Fundação Pró-Memória de São Carlos. Histórias de São Carlos. [São Carlos, SP]: Fundação Pró-Memória de São Carlos. Disponível em: https://www.promemoria.saocarlos.sp.gov.br/acervo-files/historias-sc/sociedade-dante-alighieri.pdf. Acesso em: 02 fev 2022.
PANE, Mariana Fragali. Aspectos críticos sobre a arquitetura do Patrimônio Histórico tombado pelo CONDEPHAAT na cidade de São Carlos-SP. Pesquisa de Mestrado em andamento, orientada pelo Prof. Dr. Paulo Yassuhide Fujioka. Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP), São Carlos-SP, 2020.