Residência José Antônio da Silva
Trata-se de projeto de construção para edificação geminada, de uso residencial, de autoria do italiano Eugenio Romano (arquiteto licenciado) e responsabilidade técnica do também italiano Domingos Barbugian (construtor licenciado).
De acordo com o procedimento estabelecido pela Lei Municipal nº 143, de 15/07/1921, que dispõe sobre construção e reconstrução de prédios, o proprietário do terreno, José Antônio da Silva, apresentou ao Prefeito Municipal requerimento selado (com estampas e carimbos com notação cartorial e assinaturas do proprietário e do tabelião), declarando o lugar (Avenida 15, entre as Ruas 1 e 2), a situação (terreno de sua propriedade) e o destino da obra (“prédio duplo tipo operário”). O documento composto (Processo de Construção de Obras Particulares) ainda contém a Guia de Recolhimento de Imposto de Construção, devido à Tesouraria Municipal, discriminando valores para taxa de construção, alvará de construção e alinhamento, com destaque para o material iconográfico que contém o projeto da edificação. Também em atenção ao referido procedimento legal, os desenhos – planta, corte e fachada – contém as cotas principais dos compartimentos, e foram confeccionados pelo desenhista João Caly, em escalas 1:100 (planta) e 1:50 (corte e fachada), com o original feito em papel vegetal. Pelos desenhos pode-se observar que as duas moradias estão unidas pelo muro que divide o terreno em duas porções, espelhando-se lado a lado (“geminadas em espelho”). A planta mostra o recuo frontal e afastamentos unilaterais (1,70m), e o acesso ao interior da moradia se faz pela sala, que distribui os passos para o quarto frontal e o corredor que, passando pela dispensa, conduz até a cozinha, com saída para o quintal. Como edificação anexa e colada ao corpo da edificação principal, encontram-se o W.C. e o tanque para a lavagem de roupas, ambos sem denominação na planta. Pelo corte é possível identificar a obediência aos requisitos de higiene da habitação, como a distância da edificação do solo (0,50m), o pé-direito (3,50m) e as janelas abertas para o afastamento lateral, e ainda as definições para solidez da construção, como as espessuras das paredes e a estrutura em madeira do telhado, que une as duas moradias e tem cumeeira perpendicular ao alinhamento, com duas águas que se projetam para os afastamentos laterais. A fachada ilustra o aspecto das moradias, com elementos decorativos simplificados na platibanda e nas janelas, ao estilo art déco.
Os carimbos indicam que o projeto foi analisado no Posto de Higiene de Rio Claro e na Seção de Obras da Prefeitura Municipal, cujas observações, redigidas no verso do requerimento, referem-se às questões de higiene da habitação, como a necessidade de impermeabilizar “cozinha, despensa e privada” (“mosaicadas e barradas à óleo”), de colocar venezianas nas janelas dos quartos e ainda de construir reservatórios d’água com capacidade de 1000 litros.
Outras Informações
Os documentos foram encaminhados à Prefeitura Municipal no dia 20 de outubro de 1936, foram analisados na Seção de Obras no dia 23/10/1936, mas o carimbo de aprovação não apresenta a data e a assinatura do Prefeito Municipal, o que não permite afirmar que a solicitação foi aprovada e a edificação, efetivamente, foi construída.
Documentos Correlatos
Título: Registro Profissional (nº 936)
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935-1970
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Título: Registro Profissional (nº 1363)
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935-1955
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Título: Livro de Registros de Construções e Reconstruções 1935 – 1947 (nº 2073)
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935-1947
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Referências
FERREIRA, Monica Cristina Brunini Frandi. A edificação residencial urbana paulista. Estudo de caso: Rio Claro, 1936 - 1960. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.