Residência Jacinto Neves
Trata-se de projeto de construção para edificação residencial unifamiliar, de autoria do projetista e construtor licenciado Augusto Schmidt Filho. De acordo com o procedimento estabelecido pela Lei Municipal nº 143, de 15/07/1921, que dispõe sobre construção e reconstrução de prédios, o italiano e construtor licenciado Domingos Barbugian apresentou ao Prefeito Municipal, Solon Rego Barros requerimento selado (com estampas e carimbos da Prefeitura Municipal e assinaturas do construtor e do tesoureiro), declarando o lugar (Avenida 5A, esquina da Rua 3B), a situação (terreno de propriedade de Jacinto Neves) e o destino da obra (prédio). O documento composto (Processo de Construção de Obras Particulares) ainda contém a Guia de Recolhimento de Imposto de Construção, devido à Tesouraria Municipal, discriminando valores para taxa de construção, alvará de construção, de alinhamento e de andaimes, com destaque para o material iconográfico que contém o projeto da edificação. Também em atenção ao referido procedimento legal, os desenhos – planta de localização, planta, corte e fachada – contém as cotas principais dos compartimentos e o quadro de áreas (total, coberta e descoberta), em escalas 1:1000 (localização); 1:100 (planta) e 1:50 (corte e fachada), com a cópia feita em papel prussiato.
Pelos desenhos pode-se observar que a moradia aproveita as duas testadas e se encosta no alinhamento da rua e nos limites laterais do terreno (25,0m x 7,50m), com o acesso principal localizado na esquina. O terraço permite o acesso ao interior da moradia e conduz até a sala de jantar, que distribui os passos para o quarto frontal, a dispensa e a cozinha, com saída para o quintal. Nota-se que o banheiro interno é completo, com vaso sanitário e banheira, e tem acesso pelo corredor, não se comunicando diretamente com a cozinha, como determina a legislação edilícia vigente (Lei Municipal nº 143, de 15/07/1921). Local destinado à lavagem da roupa não aparece na planta. No desenho da planta ainda é possível notar a representação dos cômodos com pisos impermeabilizados (terraço, cozinha e banheiro). Pelo corte é possível identificar a obediência aos requisitos de higiene da habitação, como a distância da edificação do solo (0,50m), o pé-direito (3,50m) e o dimensionamento das aberturas de portas e janelas, assim como as definições para solidez da construção, como as espessuras das paredes e a estrutura em madeira do telhado, com cumeeira perpendicular ao alinhamento, com duas águas que se projetam para a rua para um dos limites laterais do lote, onde certamente uma calha recolhe as águas pluviais para os encanamentos. A fachada ilustra o aspecto da moradia, com elementos decorativos simplificados no terraço (balaústres) e na janela do quarto frontal, também destacada por platibanda que oculta o telhado, ao estilo art déco.
Os carimbos indicam que o projeto foi analisado no Centro de Saúde de Rio Claro (04/12/1940) e na Seção de Obras da Prefeitura Municipal (06/12/1940) e foi aprovado pelo Prefeito Municipal (10/12/1940).
Outras Informações
O processo contém o Memorial Descritivo com diversas informações sobre higiene da habitação e solidez da construção. No primeiro caso, foram descritas medidas para impermeabilização dos alicerces (calçada de 1,00m de largura em volta do prédio e porão com 0,50m de altura, impermeabilizado) e da construção (quarto, dispensa e sala de jantar assoalhados e forrados; terraço, cozinha e banheiro ladrilhados com piso feito em mosaicos de cimento e, ainda, barra de 1,50m pintada à óleo na cozinha e banheiro, tendo os demais compartimentos pintura a base de cal); medidas para arejamento dos compartimentos (3,20m de pé direito, diferente do desenho, que registra 3,50m, e quarto provido de venezianas) e, por fim, medidas para saneamento do terreno (fossa nos fundos do prédio, para onde seria “escoado o esgoto da privada, banheiro e todos os demais aparelhos sanitários”). Para a solidez da construção, paredes seriam construídas com tijolos assentados em argamassa de cal e areia, na base de 3X1, sendo que as externas na sala de jantar e quarto teriam espessura de 0,30m).
Documentos Correlatos
Título: Registro Profissional (nº 936)
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935 - 1970
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Título: Registro de Profissionais (nº 1363)
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935 - 1955
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Título: Livro de Registros de Construções e Reconstruções 1935 – 1947 (nº 2073
Autor/ Produtor: Prefeitura Municipal de Rio Claro
Ano: 1935 - 1947
Fonte: APHRC - FUNDO Prefeitura Municipal de Rio Claro (FPMRC)
Referências
FERREIRA, Monica Cristina Brunini Frandi. A edificação residencial urbana paulista. Estudo de caso: Rio Claro, 1936 - 1960. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.