Palácio das Indústrias
O Palácio das Indústrias começou a ser projetado em 1910 pelo Arq. Domiziano Rossi, do Escritório Técnico Ramos de Azevedo. No entanto, as obras de ampliação do Palácio foram comandadas pelo Arq. Felisberto Ranzini, do mesmo escritório, substituto de Rossi que faleceu em 1920.
Suas instalações, distribuídas em um pavilhão central com vários pavimentos, torres, alas e jardins interligados por galerias, abrigariam museus, salas para exposições, conferências e festas e, ainda, laboratórios e setor administrativo. Se destaca que a estrutura do edifício é metálica, uma grande novidade da época, e faz uso do tijolo aparente como principal acabamento.
Com forte influência do Castello Mackenzie, em Gênova, e é um exemplo do estilo “florentino”, ou seja, adotou uma visão barroca do florentino renascentista revivido pelo Ecletismo. O edifício apresenta um aspecto robusto das fortalezas toscanas do século XIV, porém com detalhes decorativos típicos dos palácios da primeira Renascença florentina. É importante destacar que a ornamentação do Palácio de modo geral é carregada de muitos símbolos e representações da modernidade e do desenvolvimento paulista, principalmente.
O edifício foi tombado pelo Condephaat em 1982, como patrimônio que integra a história econômica, política e cultural de São Paulo. E pelo Conpresp, em um processo “ex-officio”, em 1991.
Nos dias de hoje, o Palácio das Indústrias retorna a sua função primária: museu e exposições, já que abriga o Museu Catavento desde 2009. Antes disso, o edifício teve diversas funções como: sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sede do Centro de Comunicação do Departamento Regional de Polícia da Grande São Paulo (Degran), durante a ditadura serviu como centro de troca de informações da ditadura civil-militar na capital paulista. Após a ditadura, o edifício foi restaurado com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi e tornou-se sede da Prefeitura de São Paulo.
Outras Informações
Para compreender o projeto do Palácio das Indústrias deve-se notar alguns aspectos históricos do final do século XVIII e início do século XIX, como o enriquecimento da cidade de São Paulo com a produção do café. Nesse sentido, as ideias de higienismo, embelezamento da cidade e desenvolvimento industrial e modernização influenciavam a cidade. A partir do contexto em que foi pensado, o Palácio servia como referência visual de São Paulo como cidade de fruição, de contemplação já que trazia símbolos da nova dinâmica que a cidade almejava e colocava a cidade de São Paulo como metrópole.
O prédio foi construído com o intuito de abrigar exposições relacionadas à indústria paulista, sendo inaugurado em 29 de abril de 1924, como mostra a placa de inauguração afixada na entrada do local.
A exposição de 1917 foi o primeiro evento oficial organizado e incentivado pelo governo Municipal, que almejava divulgar e incentivar a indústria local. Portanto, ainda que o Palácio não estivesse finalizado, a Exposição marcaria o momento de destaque dos industriais paulistas.
A ornamentação do Palácio tem ligação direta com seu uso para exposições já que seu grande espaço serviu de ateliê para vários escultores a pretexto de executarem esculturas para a ornamentação do Palácio. São exemplos de escultores que residiam no Palácio: Oreste Mantovani, Nicola Rollo, Victor Brecheret (LEMOS, 1993, p. 78).
Documentos Correlatos
Título: Planta Geral da Cidade de São Paulo, com indicações diversas.
Autor/ Produtor: Commissão Geographica e Geologica. Escala 1: 20 000.
Ano: 1914
Fonte: Norman B. Leventhal Centro de Mapas da Biblioteca Pública de Boston.
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
BARBUY, Heloisa. A Cidade-exposição: Comércio e Cosmopolitismo em São Paulo, 1860-1914. São Paulo: Edusp, 2006.
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. (2015). Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo & Villares: longevidade, pluralidade e modernidade (1886-1980). Revista CPC, (19), 194-204. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i19p194-204>. Acesso em 19 de set. 2021.
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: Pini. 1993.
LIMA, Paula Coelho Magalhães de. A EXPOSIÇÃO DE 1917 NO PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS EM SÃO PAULO: representações do industrialismo na metrópole nascente. Programa de Pesquisas em História e Cultura Material do Museu Paulista da USP. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t3_exposicao_1917.pdf>. Acesso em 19 de set. 2021.
SNM, Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos; EMPLASA, Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo SA; SEMPLA, Secretaria Municipal do Planejamento. Bens Culturais Arquitetônicos no Município e na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, 1984.