Palácio da Justiça

Situado junto da Praça da Sé em processo de remodelação, ao lado da nova Catedral, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, não por acaso chamado de Palácio, destaca-se pela monumentalidade, em 42 mil m² e imponentes 5 pavimentos, inspirado no Palazzo della Giustizia de Roma (1888-1910).
O Palácio da Justiça foi projetado pelo arquiteto Domiziano Rossi do Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia, e após a sua morte, pelo arquiteto Felisberto Ranzini, do mesmo escritório, com a participação do Liceu de Artes e Ofícios.
No que se refere ao canteiro de obras, é notável a variedade de materiais, técnicas e sistemas construtivos empregados na construção. Estrutura independente de pilares e lajes de cimento armado, associa-se a interior de estrutura metálica, revestidos em alvenaria de tijolos, possibilitando a constituição de um saguão monumental, grandes vãos, pés-direitos generosos e um mezanino entre o segundo e o terceiro pavimentos.
O edifício imponente é marcado por simetria e aberturas ritmadas, combinando ornamentações clássicas e barrocas. Marcado por um repertório predominante neoclassicista, na fachada frontal destacam-se estátuas e símbolos que remetem ao poder judiciário. Trata-se de um edifício organizado em cinco partes, com dois torreões laterais e um corpo central em destaque, coroado por frontão. Nas fachadas predominam bossagens, bem como aberturas ritmadas, orquestradas em torno de claros eixos de simetria. O edifício se organiza em base, corpo e coroamento, destacando-se a platibanda e os torreões encimando o conjunto.
Abrigando um programa complexo, envolvendo saguão, Sala do Tribunal do Júri, escritórios para os desembargadores e outros aposentos para as atividades do poder judiciário, destaca-se um interior finamente decorado, com pisos e forros adornados em gesso, pinturas e douramentos.
Quanto à proteção incidente, o Palácio da Justiça foi tombado em 1981 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (CONDEPHAAT) ー Processo 21903/81 e Resolução 50 de 29/12/1981 ー e depois pelo DPH, restaurado entre 2014 e 2016, com projeto de intervenção elaborado pelo Consórcio Argeplan-Kruchin-Kiefer. Atualmente, o edifício ainda abriga o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Outras Informações
Projetado em 1911 e construído entre 1920 e 1942, o Palácio da Justiça emergiu em um contexto de grandes transformações urbanas, políticas e econômicas do período republicano, como sede do poder judiciário da metrópole em ascensão.
Por encomenda de Washington Luís, Secretário da Justiça e da Defesa e futuro Presidente da República, o projeto do edifício foi concebido e executado pelo Escritório F. P. Ramos de Azevedo & Cia, mais diretamente, pelos arquitetos Domiziano Rossi (até sua morte em 1920) e Felisberto Ranzini.
Seus principais revestimentos são mármore de Carrara, mármore português e granito rosa. Lembrando as basílicas romanas, o saguão apresenta 16 colunas de granito vermelho polido de Itupeva ー nacional ー e pé-direito elevado, rompendo o segundo e o terceiro andares. Madeiras de lei, em grande parte de jacarandá, revestem o complexo, sendo o mobiliário da Sala do Tribunal do Júri obra do Liceu de Artes e Ofícios, assim como o lustre principal, e toda a marcenaria, pisos, forros, acabamentos e serralheria artística do edifício. O Palácio conta com diversos vitrais e claraboias elaborados pelo ateliê Casa Conrado Sorgenicht e materiais importados pela Casa Ernesto de Castro. A decoração pictórica foi coordenada por Antonio Venccittore.
Documentos Correlatos
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
DPH Divisão de Preservação. Guia de bens culturais da cidade de São Paulo. Departamento do Patrimônio Histórico. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.
KRUCHIN, Samuel. O restauro do Palácio da Justiça de São Paulo. Disponível em: <https://revistarestauro.com.br/o-restauro-do-palacio-da-justica-de-sao-paulo/>. Acesso em: 12 jan. 2022.
SUZUKI, Alfredo Toshio. Estudo e análise do estado de conservação das rochas, por método não destrutivo, do Palácio da Justiça de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, p. 9-29, 2018.