Palácio da Bolsa de Café

A Bolsa do Café começou a funcionar em 1917 em um prédio modesto, situado na esquina da Rua XV de Novembro com a Rua do Comércio (MUSEU DO CAFÉ, 2022). O projeto da nova sede foi encomendado em 1920 e sua autoria é atribuída aos arquitetos Jules Mosbeux e Ernest Chaneux. O prédio foi inaugurado dois anos depois e, segundo Barbosa (2020), além de “centralizar, organizar e controlar as operações do mercado cafeeiro”, também se destacou pelo “ecletismo suntuoso”, que marcava as obras do período.

“A fachada é concebida com autonomia compositiva, uniformizada pela base maciça de granito vermelho, na parte térrea, que se revela como peça sólida em face da ausência das ordens. Somado aos ares de solidez, o embasamento presta-se à sustentação das ordens, que se elevam elegantemente, até alcançar a cornija, que do alto tudo enlaça. A composição setorizada em embasamento, plano nobre e ático recorda o vínculo com o renascimento italiano. No palno nobre, a liberdade compositiva dos acabamentos contrapõe-se à sobriedade revelada no embasamento. Guirlandas, volutas, frontões rompidos, elementos escultóricos entre outros elementos afirmam a tendência neo-barroca do conjunto arquitetônico” (BARBOSA, 2020, p. 178).

A composição assimétrica da fachada, acentuada pela torre do relógio reforça a influência do barroco, que se mescla ao repertório eclético e aos anseios da elite cafeeira de materializar em um verdadeiro palácio toda a riqueza acumulada pelo café.

A responsabilidade técnica da obra coube à Companhia Construtora de Santos, de propriedade de Roberto Simonsen.

A inauguração do prédio é bastante simbólica, pois se enquadra no contexto de comemorações do centenário da Independência, tendo encerrado as comemorações do evento no estado de São Paulo, promovidas pelo então governador Washington Luiz (BARBOSA, 2020).

Mais do que a influência estilística, a presença dos italianos é marcante na execução das fachadas e elementos artísticos integrados. Dentre os cerca de 250 operários que trabalharam nesta obra, contribuíram os profissionais de origem e ascendência italiana como Alfredo Giusti, João Nicolosi, Frederico Puccinelli, Alfredo Mateucci, dentre tantos outros.