Palacete Bento Carlos

Projetado por Pietro David Cassinelli, o Palacete Bento Carlos foi construído entre 1890 e 1893,
sendo originalmente a moradia de Bento Carlos de Arruda Botelho, irmão do Conde do Pinhal. Bento
Carlos (1841-1896) foi fazendeiro e investidor de destaque no final do século XIX em São Carlos,
tendo entre seus empreendimentos o Theatro Ypiranga e a Companhia Paulista de Eletricidade que,
além do serviço de iluminação, operaria a partir de 1912, as linhas de bondes elétricos da cidade.
O edifício eclético, de tendência neoclássica, foi construído em um terreno de esquina – que, originalmente, ia até as margens do córrego do Gregório – se destacando na época como um dos mais luxuosos casarões da cidade. O
casarão integra o acervo das memórias políticas locais por ter recebido muitas das reuniões
republicanas de São Carlos antes de 1889 e por ser considerado o ponto de fundação do Partido
Republicano Paulista, que liderou a política local até os anos 1930. Não foram encontrados mais dados sobre sua construção, nem desenhos técnicos do projeto. Ademais, também não se sabe sobre outros profissionais envolvidos, nem o responsável pela obra.
Com uma área de 642m², dividida em três pavimentos com vinte salas e salões, o casarão tem sacadas laterais, jardim particular e amplas janelas e portas para melhor iluminação interna. Além disso, apresenta uma aprimorada decoração pictórica nas paredes internas e nos forros, grades artisticamente trabalhadas em ferro, e, por fim, portas, janelas, pisos e uma grande escadaria em madeira.
Outras Informações
O edifício pertenceu à família Arruda Botelho até 1942, ano de falecimento de Anna Carolina de Melo e Oliveira, ex-Condessa do Pinhal. Ele passou então por outros proprietários, abrigando a Biblioteca Municipal, o Museu de São Carlos e o Posto do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Em 2000, o casarão foi comprado por descendentes da família Arruda Botelho. A fim de reverter o quadro de abandono que ele se encontrava, o prédio foi restaurado completamente em 2005.
O local passou por algumas alterações no decorrer do tempo, tanto no interior, para abrigar hoje a função de serviços, quanto no exterior, com as cores das fachadas, as esquadrias das janelas e portas, a retirada da base de pedras, o fechamento do acesso ao jardim lateral, dentre outras modificações. Apesar das transformações o palacete não foi descaracterizado e preserva sua volumetria e os principais elementos ornamentais da fachada, como o frontão, as cimalhas, as pilastras, a estrutura de ferro da sacada, as janelas de púlpito em arco pleno e triangulares, as aberturas do porão, e assim por diante.
Em ótimo estado de conservação, o palacete foi tombado em 2019, pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico) do Estado de São Paulo.
Documentos Correlatos
Não identificados
Referências
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