Hotel Central
O Hotel Central surge em um contexto de crescimento da cidade de São Paulo, não apenas econômico e material, mas também cultural. De fato, a construção do Teatro Municipal deslocou definitivamente a rede de hotelaria da cidade, que antes se encontrava em seus principais acessos, ao Centro Novo – hoje denominado centro histórico de São Paulo. Ou seja, orbitando o mais novo polo cultural da cidade.
O projeto foi elaborado por Domiziano Rossi, arquiteto italiano que trabalhava junto ao Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia. Com fachada em claro estilo eclético compõe um conjunto de cinco edifícios realizados no quarteirão da Avenida São João, entre a Praça Antônio Prado e a Avenida Ipiranga, após o alargamento da mesma promulgado pela lei de 1912, que tornou desse trecho urbano um verdadeiro canteiro de obras. Três delas são do próprio Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia.
O Hotel possui térreo mais três pavimentos e ático, destacando-se assim na paisagem urbana na qual foi construído.
Realizado com estrutura em concreto armado e fechamento em alvenaria de tijolos, o edifício é inteiro revestido com argamassa raspada. A maior parte das esquadrias são venezianas de madeira, com folhas internas de vidro emoldurado na madeira. As exceções encontram-se no térreo, onde a porta principal é feita de ferro. As outras aberturas são para estabelecimento comerciais, sendo portas balcão largas também em ferro, em sintonia com o acesso principal.
A construção teria assim uso misto comercial e de serviços, abrigando lojas no pavimento térreo e o hotel, propriamente dito, nos pavimentos superiores com o total de 2.800,00 m². De grandes dimensões para o período, contém 40 quartos amplos de 4,00 m² cada e pé direito generoso.
Com a construção de hotéis mais modernos como Excelsior, Hilton e Othon Palace, além da dificuldade de acesso gerada pela transformação do trecho em passagem estrita de pedestres, o Hotel Central foi sendo cada vez menos procurado, causando uma consequente diminuição de valores e qualidade nos serviços.
Atualmente o prédio encontra-se muito malconservado, embora conserve suas características arquitetônicas. Está em estado de abandono, tendo apenas parte do térreo funcionando como comércio. Os pavimentos superiores estão em parte ocupados por movimentos sem teto.
O Hotel não há, de fato, um processo de preservação específico. No entanto, o edifício fica em uma área tombada do Vale do Anhangabaú e vizinhanças pela resolução nº 37 de 1992 do Conpresp.
Documentos Correlatos
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. (2015). Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo & Villares: longevidade, pluralidade e modernidade (1886-1980). Revista CPC, (19), 194-204. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i19p194-204>. Acesso em 19 de set. 2021.
DPH Divisão de Preservação. Guia de bens culturais da cidade de São Paulo. Departamento do Patrimônio Histórico. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: Pini. 1993.
MONTEIRO, Ana Carla de Castro Alves. Os hotéis da metrópole: o contexto histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940-1960). 2006. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. doi:10.11606/D.16.2006.tde-16052007-151541. Acesso em: 2022-02-24.
SANTOS, Regina Helena Vieira. Rua São João: o boulevard paulistano da Primeira República (1889-1930). 2017. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.16.2018.tde-09062017-101657. Acesso em: 2022-02-25.