Hotel Britânia
O Hotel Britânia, como seu vizinho Hotel central, surge em um contexto de crescimento da cidade de São Paulo, não apenas econômico e material, mas também cultural. De fato, a construção do Teatro Municipal deslocou definitivamente a rede de hotelaria da cidade, que antes se encontrava em seus principais acessos, ao Centro Novo – hoje denominado centro histórico de São Paulo. Ou seja, orbitando o mais novo polo cultural da cidade.
O projeto foi elaborado por Domiziano Rossi, arquiteto italiano que trabalhava junto ao Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia para o mesmo cliente Sr. Antônio de Pádua Salles, vizinho do Edifício Hotel Central, com o qual compõe um fronte urbano contíguo harmônico.
Com duas fachadas em claro estilo eclético – a principal para a Avenida São João e a secundária para a Rua Abelardo Pinto – compõe um conjunto de cinco edifícios realizados no quarteirão da Avenida São João, entre a Praça Antônio Prado e a Avenida Ipiranga, após o alargamento da mesma promulgado pela lei de 1912, que tornou desse trecho urbano um verdadeiro canteiro de obras. Três delas são do próprio Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia.
O Hotel possui térreo, sobreloja, mais dois pavimentos e ático, continuando assim o gabarito estabelecido por seu vizinho Hotel Central na paisagem urbana. Realizado com estrutura em concreto armado e fechamento em alvenaria de tijolos, o edifício é inteiro revestido com argamassa raspada. Por ter frente menor, o acesso é lateral. A maior parte das esquadrias são venezianas de madeira, com folhas internas de vidro emoldurado na madeira. As exceções encontram-se no térreo, onde a porta principal é feita de ferro, seguindo a composição do Central.
A construção teria assim uso misto comercial e de serviços, abrigando lojas no pavimento térreo e o hotel, propriamente dito, nos pavimentos superiores.
Com a construção de hotéis mais modernos como Excelsior, Hilton e Othon Palace, além da dificuldade de acesso gerada pela transformação do trecho em passagem estrita de pedestres, o Hotel Central foi sendo cada vez menos procurado, causando uma consequente diminuição de valores e qualidade nos serviços.
Atualmente o prédio encontra-se mediamente conservado, em melhores condições que o primeiro, a fachada de argamassa raspada foi pintada, mas apresenta algumas pichações.
O Hotel não há, de fato, um processo de preservação específico. No entanto, o edifício fica em uma área tombada do Vale do Anhangabaú e vizinhanças pela resolução nº 37 de 1992 do Conpresp.
Documentos Correlatos
Título: Mappa Topographico do Município de São Paulo.
Autor/ Produtor: Empresa SARA BRASIL S/A. Escala 1: 5 000.
Ano: 1930
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Título: Município de São Paulo: levantamento aerofotográfico.
Autor/ Produtor: Consórcio VASP Cruzeiro.
Ano: 1954
Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
Referências
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. (2015). Escritório Técnico Ramos de Azevedo, Severo & Villares: longevidade, pluralidade e modernidade (1886-1980). Revista CPC, (19), 194-204. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i19p194-204>. Acesso em 19 de set. 2021.
DPH Divisão de Preservação. Guia de bens culturais da cidade de São Paulo. Departamento do Patrimônio Histórico. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Ramos de Azevedo e seu escritório. São Paulo: Pini. 1993.
MONTEIRO, Ana Carla de Castro Alves. Os hotéis da metrópole: o contexto histórico e urbano da cidade de São Paulo através da produção arquitetônica hoteleira (1940-1960). 2006. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. doi:10.11606/D.16.2006.tde-16052007-151541. Acesso em: 2022-02-24.
SANTOS, Regina Helena Vieira. Rua São João: o boulevard paulistano da Primeira República (1889-1930). 2017. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.16.2018.tde-09062017-101657. Acesso em: 2022-02-25.