Liceu de Artes e Ofícios (Pinacoteca do Estado de…

O edifício da atual Pinacoteca do Estado foi projetado para sediar o Liceu de Artes e Ofícios, atendendo a demanda de uma cidade em pleno progresso material que se reconstruía com alvenaria de tijolos em lugar da taipa existente, e por isso demandava mais profissionais habilitados às novas técnicas construtivas que seguiam os padrões europeus.

O projeto do edifício em escala monumental ficou a cargo do Escritório Técnico F. P. Ramos de Azevedo & Cia, mais precisamente do próprio Ramos e do arquiteto italiano Domiziano Rossi – de fato, trata-se de 7.462 m² de área construída. Em estilo neoclássico, caracteriza-se por suas amplas janelas, colunas, pilastras e paredes em tijolos sem revestimento que deixam transparecer a técnica construtiva, e juntamente com ela, a história complexa de uma edificação que não foi acabada e passou por diversos usos ao longo do tempo. O edifício também seria dotado de uma grande cúpula, que jamais foi construída.

O edifício, ainda inacabado, foi inaugurado em 1900, passando a receber os alunos de “instrução primária e artística”. Mas logo que o governo notou a desproporcionalidade entre o número de alunos e o tamanho do edifício, transferiu para o mesmo o Ginásio do Estado, que dividiria o espaço com o Liceu até 1924. Assim sendo, as oficinas para os cursos de habilitação técnica, que moveram a construção do projeto, e contabilizavam mais de 800 alunos, acabaram sendo alojadas em um porão subdimensionado, saturando-se rapidamente. Com a consequente mudança de endereço das últimas atividades do Liceu de Artes e Ofícios, o edifício ficou fechado por dois anos, época em que sofreu várias alterações: de alojamento militar ao Grupo Escolar Prudente de Moraes, abrigou também o Batalhão Santos Dumont.

A Pinacoteca do Estado que fora inaugurada oficialmente em 1905 com 26 quadros expostos em parte do edifício, viu seu acervo dividido neste período de mudanças, para ser reunido apenas em 1932 e instalado na antiga sede da Imprensa Oficial do Estado, à rua Onze de Agosto, dividindo o espaço com a Escola de Belas Artes de São Paulo. Foi apenas em 1947 que a Pinacoteca foi transferida novamente para o edifício do Liceu, onde permanece até hoje.

Tombado a nível municipal e estadual desde o fim dos anos 80 e início dos anos 90, a última intervenção no edifício data de 1998 e foi assinada pelos arquitetos Eduardo Colonelli, Paulo Mendes da Rocha e Weliton Ricoy Torres. A intervenção visou atender as necessidades técnicas e funcionais das instalações para acolher definitivamente o museu