Residência João Cambi de Almeida Prado

A residência, de autoria do italiano Beppino Terrieri, está localizada em um terreno de aproximadamente 20mX30m na região central de Jaú, com declive acentuado. No projeto, não constam as plantas da casa, apenas dois cortes e a fachada frontal. A partir destas representações, é possível verificar a implantação da casa sobre porão, o que pode ser justificado tanto pela alta declividade do terreno quanto pelas questões higienistas que pautaram a produção da arquitetura no início do século XX no interior paulista. Os porões eram utilizados para impedir o contato entre o solo e o piso do pavimento térreo e assim evitar a umidade no interior das edificações (ALBERNAZ; LIMA, 1998). Conforme consta no Corte Longitudinal C-D, o pé-direito do porão possui dois metros, sendo, portanto, habitável. De acordo com Albernaz e Lima (1998), quando a altura do porão permite que uma pessoa fique de pé, ele é chamado de porão habitável e frequentemente é usado como depósito ou adega. Além dessa questão, outra funcionalidade de se implantar as casas sobre porões era o distanciamento dos espaços internos em relação ao nível da rua, evitando assim os olhares indesejados. 

O acesso à residência é feito por meio de um alpendre, na lateral direita da fachada frontal. A presença deste elemento, associada ao telhado com beirais aparentes, sinaliza o paulatino rompimento com o vocabulário eclético, que culminaria no resgate da arquitetura colonial portuguesa a partir da década de 1920. Ainda assim, é possível notar alguns pequenos e delicados ornamentos, como os frisos sobre a fachada frontal. Nota-se ainda que a cobertura do alpendre, vista nas fotografias, não consta no projeto original, sendo prevista apenas uma escada. Além desta alteração, também as seteiras – pequenos vãos destinados à ventilação do porão – foram fechadas.