Igreja São Benedito
No acervo do Arquivo Municipal de Campinas constam 105 requerimentos de Henrique Fortini, visando à obtenção de licença para construir ou reformar protocolados junto à Prefeitura Municipal até 1929. Fortini obteve o título de arquiteto licenciado pela Secretaria de Agricultura em 25 de agosto de 1926.
Além de inúmeras residências e portentosos edifícios de uso misto, Henrique Fortini participou de muitas obras institucionais representativas das primeiras duas décadas do século XX em Campinas.
É o caso do projeto apresentado em 1929 para construção de nova fachada frontal para a Igreja São Benedito, bem como para a “regularização do alinhamento das guias, de forma a estabelecer concordância com o trecho da Rua Cônego Cipião (entre Lusitana e Doutor Quirino), evitando o estrangulamento da parte carroçável que ora existe no local”.
A Irmandade São Benedito, à qual está ligada a origem da igreja, foi a primeira entidade na cidade a aceitar integrantes negros e, por tal motivo, acabou se firmando como primeiro espaço legítimo de organização da comunidade afrodescendente em terras campineiras.
Um dos integrantes da irmandade foi Mestre Tito, escravo liberto e curandeiro reconhecido na região, cujo maior sonho era construir uma Igreja dedicada a São Benedito. A idealização do templo teve início em 1835, quando membros da irmandade solicitaram à municipalidade a doação de terreno próximo ao cemitério onde eram enterrados os trabalhadores escravizados. A construção só teria início muitos anos depois, sendo finalizada apenas em 1885, cerca de 3 anos depois da morte de Mestre Tito, que não veria sua grande iniciativa finalizada.
A configuração da igreja inicial foi bastante alterada por conta das reformas sofridas nos anos 1920, como a registrada aqui. Foram instaladas platibandas laterais, de modo a esconder a antiga fachada, e também construída uma torre na lateral da Rua Lusitana Os novos ornamentos introduzidos, no entanto, mantiveram o estilo neo-românico já adotado anteriormente.
Documentos Correlatos
Título: Livro de Registro de construtores.
Autor/ Produtor: Repartição de Obras e Viação (1926-1934); Diretoria de Obras e Viação (1934-1945)
Ano: 1926-1977
Fonte: Arquivo Municipal de Campinas
Referências
CONSELHO de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas. Processo nº. 08/1991. Dispõe sobre o tombamento da Igreja São Benedito. 1991
FRANCISCO, Rita de Cássia. Construtores anônimos em Campinas (1892-1933): fortuna crítica de suas obras na historiografia e nas políticas de preservação da cidade. 2013. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. doi: 10.11606/T.16.2013.tde-10102013-111937. Acesso em: 2022-02-01.